Cardeais brasileiros em frente ao colégio Pio Brasileiro,em Roma — Foto: Robson Caramano/CNBB

Um tradicional colégio de padres virou bunker para os cardeais brasileiros que participarão do conclave. Dos sete eleitores do país,seis estão hospedados no Pontefício Colégio Pio Brasileiro,a quatro quilômetros da Capela Sistina.

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Fundado em 1934,o colégio abriga atualmente 103 padres brasileiros que fazem mestrado ou doutorado em Roma. Eles se acostumaram a uma rotina de estudos e orações num lugar bucólico,com jardins bem cuidados e som de passarinhos.

A calmaria foi interrompida pela chegada dos cardeais,que começaram a desembarcar em Roma dois dias após a morte do Papa Francisco.

Com muros altos,o Pio Brasileiro é um abrigo eficaz contra a curiosidade dos turistas e o assédio dos jornalistas,que perseguem os cardeais atrás de qualquer pista sobre o próximo Papa.

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— Aqui é mais reservado e mais tranquilo do que no Vaticano – orgulha-se o reitor do colégio,monsenhor Valdir Cândido. — Se algum cardeal quiser ficar no quarto o dia todo,ninguém vai perturbá-lo.

Na prática,os eleitores têm dispensado o direito à clausura. No domingo,três deles almoçaram no refeitório dos padres.

Comeram a mesma comida do bandejão: salada,carne suína e macarrão à bolonhesa.

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O único privilégio foi uma mesa revestida com uma toalha vermelha — mesma cor do solidéu que distingue os cardeais.

— Sou freguês do colégio. Já estou virando capelão — brinca o arcebispo de Salvador,Dom Sérgio Rocha,que morou no local quando era estudante,na década de 1990.

No domingo,o cardeal celebrou missa no colégio,que só costuma abrir para visitantes em datas comemorativas.

Além de oferecer comida e hospedagem,o Pio Brasileiro organiza a logística para a permanência dos cardeais em Roma.

Por determinação do reitor,padres atuam como dublês de motorista,secretário particular e assessor de imprensa dos cardeais.

— Isso é uma coisa muito louca,porque esses homens que convivem com a gente estão prestes a decidir o futuro da Igreja. De alguma forma,a gente está fazendo parte dessa história — diz o padre Robson Caramano,encarregado de fotografar os cardeais.